A noite chama a queimar


A noite inflama.
Pensamentos acendem a fogueira.
E a noite chama.

Labaredas de sonhos,
Que o momento exclama.

E se a montanha os ouve,
Que a noite venha!

É preciso tempo para lidar com tanta poeira;
E por isso a noite chama.

Enquanto houver lenha por onde arder! Exclama!

Até que eu deixe de ser! Reclama!

Com a teia de aranha...
Onde se emaranha...
Numa tal dança estranha...
À volta da fogueira
Num ritual sem bandeira...
Numa noite tal de lua cheia.

Lua leva a maré alta das ideias.
Deixa-me aqui,
De novo,
Para novas poeiras...
Lava-me das teias!

Que o tempo passa...
E amassa
A massa.
Misturando tudo o que se desenlaça
No casulo do agora
Que nunca passa!

E depois da passa!
Não é que o tempo passa ?!

E a noite vai...
E consigo arrasta...

Mil sonhos brutais
Para futuros tais,
Outras dimensões ideais!

Depois.
Continuamos vidas banais...
Banidos pelo tempo 
De tais sonhos tais...

Escolhas. Vidas. Lições. Mistério. Canções.

Vagueamos pela noite cegos
Só com o tato dos corações!
Que vivem de exaltações!
Que me batem com exclamações
Entre tantas outras aflições...

Tudo me exalta para acordar!
Todo o sistema em alerta
Já não quer ir devagar!

Mas é preciso dormir.
Yoga para equilibrar.
Calma e vazio,
Trazem a paz do meditar...

Mas a tendência mais forte em mim!
É quase nunca me querer ir deitar!

A noite chama e inflama!
A noite hipnotiza devagar...
Mesmo o cansaço
Cansado está para a chama apagar!

E a noite chama
E continua a queimar...
Acho que a noite me encontra a meditar...

O tempo passa.
E esta chama também há de apagar.

Mas agora...

A noite chama a queimar. 

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